domingo, 14 de novembro de 2010

Suicídio de Palavras

As emoções acabaram, as mentes se separaram e agora seguiam caminhos diferentes, as palavras cessaram em um silencio mortífero, não tinham mais nada em comum além do passado, o feliz passado quando não passavam de dois adolescentes apaixonados, feitos um para o outro, felizes para sempre. Até aquele momento. Agora eram duas mentes confusas, estranhando a novidade de não ter alguém para chamar de seu. Passaram tanto tempo juntos que agora não se identificavam com a nova vida, mas ainda assim não se identificavam mais, a alma do outro que outrora fora tão conhecida, agora não passava de um breve desconhecido. Viam-se e não tinham como falar, suas bocas não se abriam, não havia dor ali, não havia sentimento, tudo não passava de um imenso vazio. Um suicídio de palavras.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Dom

Isso não está acontecendo, não está acontecendo, NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO.

- Michelly, você tem que me escutar – Disse ele, me seguindo a passos largos. Mostrando pelos meus sentidos o que a minha mente se negava a acreditar.

Cobri meus ouvidos com as mãos.

- Eu não tenho que te escutar, eu não posso te escutar. – Pressionei meus olhos mais uma vez, rezando para que fosse uma alucinação. Não era. Ele realmente estava ali.

- Então me diga, como você está me respondendo?

- Mágica. Coincidência. Só.

Ele veio para minha frente e pressionou suas mãos nos meus ombros com força.

- Não se engane, Chelly! Eu estou aqui. – Ele gritou para mim, na tentativa de me fazer acreditar. Mas eu não podia, podia?

- Não está! Ninguém pode te ver aqui. Isso é loucura Dylan.

- Não, não é, e você sabem muito bem que ninguém vai nos pegar aqui.

- Correção: Ninguém vai te pegar aqui. Todos vão pensar que eu estou louca. Como quando... quando... – Engoli minhas palavras. Falar em voz alta significava admitir minha derrota. Admitir que...

O mesmo sorriso que tantas vezes me fez querer abraçá-lo e beijar sua boca surgiu em seu rosto, mas agora esse sorriso estava sem cor.

- Chelly, eu preciso de você – Implorou ele.

- Não Dylan. Você precisa... precisa... De sei lá o que, mas não precisa de mim.

- Eu só preciso de três palavras. Só três palavras para saber que nada mudou. – Ele pediu mais uma vez.

Olhei-o bem nos olhos, deixei-me levar pela escuridão conhecida do seu olhar castanho-avermelhado. Era tão simples e seguro antigamente. Era tão fácil. Eu queria poder voltar no tempo, e apagar o fim da nossa história, como se tudo aquilo não tivesse existido. Mas não posso. O que está feito, está feito. E ninguém pode mudar isso. Nem mesmo eu.

- Eu... eu não posso, Dylan. – Uma lagrima escapou de meus olhos. Porque era tão difícil assim deixá-lo ir?

- Eu ainda te amo, Chelly.

Ele começou a se afastar de mim e foi desaparecendo.

Assim como os fantasmas costumam a fazer.

Conto de Halloween atrasado