sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Scarlet

Ela andava a passos largos em direção oposta a todos os outros, tentando, desesperadamente, afastar-se de todos os olhares que insistiam em persegui-la. Mas não adiantava, não importava o quanto ela fugisse, os olhares sempre se voltavam para ela, sempre as cabeças viravam-se para vê-la.

Ela não sabia, simplesmente não entendia porque era o centro das atenções aonde quer que fosse. Ela só queria ficar sozinha só por um simples instante.

Porém eram simples os motivos que faziam com que todos se encantassem por ela em um simples olhar. Os traços de seu belo rosto eram fortes como os de uma escultura, pareciam que foram esculpidos pelo mais talentoso dos artistas; sua pele morena era macia, suave como seda; seu corpo era cheio de curvas convidativas e luxuriantes, isso fazia com que todos os homens a sua volta – sejam eles jovens ou velhos – não conseguissem conter o desejo que lhes saltava os olhos e, por fim, seus olhos, seus belos olhos castanhos tão profundos e misteriosos como uma noite escura, olhos que por tantas vezes me peguei me afundando e não querendo, nem por um instante, ser salvo daquela calorosa e convidativa noite.

Mas Scarlet não fazia ideia de seus efeitos nos outros, não chegou nem mesmo a desconfiar. Ela sempre se achou uma garota normal, sem graça até.

Ela podia ter quem quisesse a hora que quisesse, era só estalar os dedos e eles estariam ali, prontos para agradá-la em tudo o que ela desejasse; babando por ela, pela sua beleza. Mas Scarlet não queria ninguém. Correção: Ela não queria ninguém que ficasse com ela apenas pelo que vê, ela queria alguém que gostasse realmente dela, que risse de suas besteiras sem sentido, que conversasse olhando para seus olhos e não deslizando os olhos pelo seu corpo. Alguém que realmente notasse que por trás dessa mulher madura e segura de si há uma menina imatura e insegura que só precisa de uma pessoa que a ame de verdade, independente das aparências.

Suspiro, sabendo que esse alguém poderia ser eu.

Se ela ao menos soubesse que eu existo.