
Clair era doce, loira, com olhos castanho-mel e Emma era uma menina risonha, de olhos verdes-escuros e cabelos negros até a cintura.
- Eu vou te pegar – Gritava Emma entre os risos, com sua voz infantil.
Clair gargalhou.
- Você não vai conseguir – gritou de volta, fazendo uma careta para a amiga-irmã. Até quando não queria ela era doce.
O céu começou a ficar negro. As gotas de chuva começaram a cair sobre as duas meninas.
Clair estava tão ocupada prestando atenção em seu caminho e nas reluzentes gotas de água e não notou que Emma não estava mais a seguindo.
- Claaaaaaaaaaaair! – gritou Emma.
Clair correu em direção ao grito de sua irmã. E achou-a toda molhada sorrindo para o objeto que tinha nas mãos. Um objeto vermelho, brilhante, e abstrato.
Fogo.
- Solta isso Emma. – Ordenou Clair em sua vozinha de criança.
- Não me machuca, Clair. – Disse Emma, sorrindo. – Veja. – Emma estralou seus dedinhos e a chama desapareceu de sua mão, e quando estralou novamente lá estava ela de novo.
Clair bateu palmas, animada.
- Que lindo, que lindo, Emma. – disse ela com excitação.
- Vamos mostrar para a mamãe?
As duas foram correndo para onde estavam sentados dois adultos, uma mulher alta, morena com os cabelos negros encaracolados e um homem mais alto ainda com os olhos verdes-escuros. Os dois muito belos e jovens. Os pais das meninas.
- Mamãe, mamãe – gritaram as duas fazendo coro e abraçando a mulher.
A adulta soltou um risinho.
- O que foi meus anjinhos?
As meninas se olharam com um sorriso confidente em ambas, Clair foi a primeira a falar:
- Mamãe, olha o que a Em pode fazer!
- O que meu anjo? – A mulher virou a cabeça para fitar a filha mais velha.
- Isso, olha. – Emma se desgrudou da saia da mãe e estralou mais uma vez seus dedinhos e a chama reapareceu em sua pequena mão.
A mãe delas segurou o ar de repente e olhou para o marido, que olhava apavorado para a filha.
- Não! – gritou a mãe. – Não, não pode ser não a minha Emma. – dizendo isso ela jogou-se no chão abraçando a criança.
- O que foi mamãe? – Perguntou Emma, apavorada.
- July, controle-se – disse o pai das meninas após se recompor. – está assustando-as.
- Você não percebe o quanto isso é grave John? – disse July com lagrimas escorrendo pelo rosto. – Você não percebe o que isso significa? O isso faz da Em?
John calou-se, não tinha coragem de falar o que aquilo fazia da sua filha. Era como que se falassem as palavras em voz alta tornaria aquilo ainda mais real.
Clair foi a única corajosa o bastante para quebrar o silencio.
- O-o que isso faz da Emma mamãe? – gaguejou a menina.
July respirou fundo antes de responder.
- Isso faz dela uma mágica. – ela estremeceu na ultima palavra. – Alguém com poderes, diferente dos demais, mas alguém caçada.
- Caçada? – Repetiu Emma em forma de pergunta.
- Caçada, meu amor, - explicou July tentando tirar os cabelos molhados do rosto da menina para acalmar a voz. – alguém que é perseguida por outras pessoas.
- Eu não quero ser caçada, mamãe. – choramingou a pequena Emma.
- Nem eu meu amor, mas para você não ser descoberta é preciso que você nunca use seus poderes, entendeu bem? Nunca.
Emma balançou a cabeça afirmativamente.
- Promete? – insistiu July.
- Prometo. – Prometeu Emma.
Elas se abraçaram em meio aquela chuva, todos compartilhando a mesma dor. Momentos depois Clair se juntou a eles e depois foi a vez de John. Ficaram lá, parados, por um instante que podiam ser minutos ou horas, até que July enxugou as lagrimas e se levantou.
- Vamos para casa.
Mal sabiam eles que não teriam mais casa, nem paz.