sábado, 31 de julho de 2010

Pura Mágica.


Parte 1

Kansas, 11:20 pm

Clair corria como se sua vida dependesse disso. Tinha que avisá-la, precisava avisá-la.

Adentrou no cômodo como um furacão, mas Emma não estava lá, então Clair escutou um barulho de água caindo. Emma estava no banho.

Clair entrou no banheiro sem ao menos bater, Emma olhou para ela surpresa, depois sua expressão suavizou-se. Clair e Emma são amigas desde o começo da vida, não tinham segredos uma para a outra. Pelo contrario, Clair era a única que sabia o maior dos segredos de Emma, desde que os pais delas morreram. Só ela e mais ninguém.

- Você me assustou, Clair. – Disse Emma, com uma voz tão baixa que não passava de um sussurro.

- Não temos tempo, Em – Falou Clair olhando em direção a porta amedrontada.

- O que foi Clair? – Perguntou Emma voltando a olhar sua grande amiga, olhá-la de verdade. Emma olhou dentro de Clair. Olhou dentro daqueles olhos castanho-mel que tanto conhecia e percebeu. Só uma palavra era capaz de descrever o que havia dentro daqueles olhos: Medo.

Emma saiu do banheiro correndo, vestiu a primeira coisa que viu pela frente. Já estava quase passando pela porta quando notou que Clair havia se deitado na cama encarando o teto.

- Você não vem? – Perguntou Emma com medo da resposta da irmã.

- Não, – disse Clair pausadamente – você deve ir sozinha, Em.

- Não posso te deixar aqui, Clair.

- Eles querem você, não eu. – disse ela ainda encarando o teto.

- Mas...

- Eu vou ficar bem, confie em mim.

Emma estava a ponto de discutir quando o som de três batidas firmes na porta ecoaram pela sala seguida de uma voz segura de homem.

- Emma Humpton, – disse a voz – abra ou seremos forçados a fazê-lo.

- Emma, – disse Clair aproximando-se da amiga. Você tem que usá-lo, é o único jeito de fugir agora.

- Mas é proibido. – Disse Emma hesitante.

- Que se dane o proibido, – rebateu Clair – é o único jeito de você sobreviver.

Emma fechou os olhos dando-se por vencida.

Um estrondo alto ecoou pelo cômodo. A porta foi arrombada.

- Onde ela está? – Perguntou o dono da voz.

Ele devia ter uns trinta e poucos anos, mas era bonito. Isso foi tudo o que Clair pensou, ela não estava com animo de analisar alguém.

- Chegou tarde – disse ela sentada na cama, com um sorriso brotando nos lábios. – Ela não está mais aqui.

Andrew Collins

Los Angeles 11:30 pm.

O publico clamava por mim, dava para sentir a emoção nos pensamentos de todas as pessoas sentadas naquela platéia, nenhum outro mágico chegou perto do meu show em quatro anos que estou nessa vida.

Gritos espalharam-se pela multidão, excitação percorria a voz de cada ser naquele local eles gritavam:

- Queremos Mister C, queremos Mister C. – Sim, eu sei, o nome é ridículo, mas com o tempo, com as pessoas clamando por ele aprendi a gostar. Esse era o nome da minha alma agora.

- É a sua vez. – Sussurrou o assistente de palco para mim, mas ao invés de atravessar a cortina que dava para o palco como eu deveria ter feito eu simplesmente fechei meus olhos e respirei fundo, quando os abri novamente não era mais o assistente de palco que estava na minha frente. De repente eu estava pendurado no lustre em cima da platéia.

- Vocês pediram por mim? – Gritei para as pessoas abaixo de mim. Pude ver centenas de cabeças virando na minha direção. Senti um calor subindo pelo meu corpo. Aumentando meu poder.

Gritos de alegria começaram a fluir pela platéia. De repente todas as vozes se uniram em um único coro.

- Mr C, Mr C, Mr C – Todos na platéia repetiam, implorando por mim.

Flutuei até meus pés tocarem o chão.

Os gritos aumentaram, todos tentavam me tocar de qualquer maneira, todos gritavam por mim, alguns diziam que me amavam.

Quando cheguei no palco olhei para o publico e dei um meio sorriso.

- Estão prontos para começar? – Perguntei eu para as centenas de pessoas a minha frente.

- Siiiiiiiiiiiiiiiiim! – Responderam eles pra mim.

É hora do show.

O show terminou e como sempre tudo ocorreu como planejado. As coisas não poderiam ser melhores. O publico estava cada vez mais apaixonado por mim e eu estava cada vez mais forte.

Era horrível não poder usar os meus poderes com força total, mas os caçadores estão por todos os cantos de Las Vegas, o jeito é manter a calma e não fazer besteira.

Derek, o dono de The Magic World, a casa de shows onde eu e mais um milhão de mágicos trabalham me chamava ao longe.

Não estava com animo pra ouvi-lo, usar mágica cansa, muito. Mas ele estava com uma garota do lado.

Aproximei-me dos dois, a menina devia ter uns 18 anos, parecia assustada mas o brilho dos seus olhos mostrava excitação.

Ela tinha um longo cabelo escuro que chegava a bater na cintura e seus olhos eram de um verde profundo. Ela era bem bonita.

- Andrew, meu caro. – Falou Derek sorrindo pra mim. – Quero lhe apresentar Emma... Emma... Qual é mesmo seu sobrenome, meu bem?

- Humpton, – A menina sussurrou. – meu nome é Emma Humpton.

- Hm ok. – Derek falou para a menina e depois se virou novamente para mim. – Mas a partir de agora Mr C, a doce Emma será conhecida como Illusion, sua inimiga na disputa por melhor mágico.

Olhei mais uma vez para a menina e depois encarei Derek novamente com um olhar questionador.

Ele riu.

- Não se deixe enganar, meu jovem, ela tem esse rostinho de anjo, mas eu vi do que ela é capaz.

Os olhos de Derek brilharam com um brilho ganancioso. Isso significava mais dinheiro para ele.

Um frio subiu pela minha barriga. Eu não gostei disso.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Reconstrução da Cinderela

Ela trocou os sapatinhos de cristal por um scarpin vermelho sangue, seu vestido longo foi transformado em uma calça comprida, a carruagem agora era um carro, a fada madrinha já não tinha com que trabalhar. O príncipe encantado sofreu um desencanto, era mais um cara normal, mas a normalidade fazia dele diferente, intrigante, apaixonante. A princesa também não era mais encantada, agora era determinada. Em uma noite tudo pode acontecer, e ela faria acontecer. Encontrou o príncipe eles se apaixonaram, se beijaram. Tocou a meia-noite, ela se assustou, mas não correu, não andou. Dessa vez, o encanto não acabou.