domingo, 31 de outubro de 2010

Opostos


Ele, o garoto mais popular do colégio.

Eu, uma simples novata.

Ele, um guitarrista de banda.

Eu, uma pianista.

Ele, o garoto mais lindo do colégio.

Eu, a garota mais inteligente.

Ele, o cara dos meus sonhos

Eu, uma simples garota ao ver dele.

Andei furiosamente na direção oposta a ele.

- Clarisse. Vem aqui. – Chamou-me Alicia mais uma vez.

Fui até ela de má vontade.

- O que foi que aconteceu com você?

- Nada.

- Eu te conheço Clarisse. O que foi?

Engoli em seco, admitir o que estava acontecendo seria admitir minha fraqueza, mas eu não podia mentir, não para Alicia, a quem eu conheci recentemente, mas já virou minha melhor amiga.

- Ele, Alicia. – Falei olhando além do seu ombro.

Alicia virou-se nada discreta e começou a encará-lo descaradamente, senti meu rosto ferver de vergonha. Pare de olhar Alicia, ele vai notar.

- O que tem o Derek, Clar?

- Eu... – Respirei fundo, mal acreditando no que iria falar. – Eu gosto dele, Alicia.

- O que? – sua expressão perplexa mostrava o quanto ela estava surpresa.

- Isso mesmo que você ouviu. – Virei-me e comecei a andar novamente, Alicia veio andando atrás de mim.

- Mas, você tem esperanças?

Balancei a cabeça negativamente. Mentindo.

Alicia pareceu mais aliviada quando voltou a falar:

- Bem, nada contra ter esperanças, sabe aquela frase ‘Os opostos se atraem’ – Ela não faz à mínima ideia do quanto está certa - acho que é verdadeira, mas também acho melhor você não criar esperanças esse cara só liga pra ele.

Lembrei então do toque de Derek em meu pescoço, sua boca suave traçando uma trilha de beijos pelo meu rosto até chegar a minha boca. Todos os pelos do meu corpo arrepiando-se em resposta ao seu toque.

Mas eu não podia contar nada para ninguém. Nunca. Nem em um milhão de anos. Se alguém, algum dia, descobrisse que eu namoro escondido com Derek estaria tudo perdido, iriam começar as provocações e nunca mais teríamos paz novamente.

- Olá – disse Alicia tentando chamar minha atenção. – Terra para Clar, vamos senão vamos perder a primeira aula.

A minha primeira aula era de biologia, a da Alicia era de álgebra, despedimo-nos e cada uma foi para suas respectivas aulas.

Quando entrei na sala não havia praticamente ninguém lá, e as pessoas que estavam não prestavam atenção em mim, somente uma, que olhava para mim com um largo sorriso no rosto. Derek já estava sentado no lugar de sempre, esperando somente por mim.

Sentei-me na frente dele. Senti seus lábios quentes em meu pescoço e estremeci de prazer.

- Eu estava morrendo de saudades – sussurrou ele em meu ouvido.

- E eu de você. – Respondi.

Como fui parar nessa situação mesmo? Amar alguém sem poder falar.

Lembrei da primeira vez que Derek me beijou. Estávamos brigando. Como sempre.

- Você é um estúpido Derek Holles.

- Pelo menos eu tenho popularidade, você sabe o que é isso? Alguma vez na sua vida você teve todas as pessoas ao seu redor querendo ser suas amigas, fazer de tudo para lhe agradar?

Trinquei os dentes. Ele tinha acertado o meu ponto fraco. Não, eu nunca tive ninguém ao meu redor prontos para fazer tudo o que eu queria, nunca na minha vida eu tive milhares de pessoas querendo ser minhas amigas.

- Todas menos eu. – Disse eu entre dentes. – Para mim você não passa de um otário Derek. Por mim você podia se explodir que o mundo ficaria bem melhor.

Comecei a andar. Escutei passos atrás de mim. E um leve sussurro na minha nuca.

- Não tão rápido Clarisse.

Ele puxou meu braço fazendo com que eu ficasse de frente para ele. Ficamos imóveis por um tempo. Nossos rostos a centímetros de distancia, até que ele aproximou ainda mais seu rosto do meu fazendo sua boca encostar a minha. Fazendo fagulhas de eletricidade espalharem-se por todo o meu corpo.

- Bom dia a todos – A voz da Srta Marris ecoou pela sala trazendo-me de volta ao presente.

O dia passou lento e melancolicamente.

Agradeci aos céus quando a aula acabou e fui em direção ao ginásio onde sempre encontrava Derek, mas alguém já estava lá. Eu já ia embora quando escutei sua voz.

- Eu adoro você Lana.

Escutei o riso da garota. Olhei pela porta entreaberta e vi Lana beijando Derek, o meu Derek. O meu namorado.

- Eu já sabia disso Dek – disse ela quando os dois pararam para respirar.

Agora foi a vez dele de rir.

Eu não sabia o que pensar. Não sabia o que fazer. Lana e Derek? Derek e Lana? Não é possível, não pode ser possível.

Quanto tempo desperdicei com Derek. Quantas aulas de piano perdi por sua causa. Quanto tempo da minha vida perdi com ele. Uma lagrima desceu pelo meu rosto.

Comecei a andar, queria ir o mais longe dali possível, se pudesse eu desapareceria.

Uma voz começou a sussurrar em minha mente, uma voz que há muito tempo eu deixei de escutar, que eu fiz questão de bloquear.

“Te disseram que opostos se atraem, mas nunca disseram que opostos dão certo.” Disse minha consciência.

Hey Soul Sisters (8)

e aí galera, faz tempo que eu não posto hein? Estou com uma coisinha linda ironia clássica chamada bloqueio. A salvação é que eu tenho alguns outros textos pra vocês. Estou cheia de coisas, sério. No meu colégio vai ter um simuladão do ENEM valendo nota e eu ainda nem peguei no livro, então vocês me entendem, não é? Fiquem despreocupados, não vou largar o blog. Já tenho ele ha tanto tempo que não imagino a minha vida sem o GAS garota de all star. dã. Enfim, era só isso mesmo. AH, outra coisa, dedico essa história a uma garota que é indispensavel aqui no blog. Que lê sempre e sempre comenta. Essa aqui é sua Julyana, espero que goste.

Beijinhos Fantasmagoricos nesse dia das bruxas.

Ray.

PS: depois eu faço um texto de halloween, quando eu estiver com mais imaginação :B

sábado, 2 de outubro de 2010

Desconhecidos

As pessoas andavam apressadas a minha frente, chequei mais uma vez o relógio, já eram três da tarde. A ansiedade me fez vir uma hora mais cedo do que o necessário ao aeroporto. Fazer o que? Essa sou eu.

Levei meus olhos de volta ao livro que estava em minhas mãos, eu o tinha comprado há poucos minutos. Peguei o primeiro livro que vi na estante da livraria do aeroporto, só para tentar fazer o tempo passar mais rápido. Isso, senhoras e senhores, se chama tédio.

- Bom esse livro, não? – Falou uma voz máscula a minha frente.

A principio não pensei que estivesse falando comigo, mas logo senti a presença de alguém a minha frente. O corpo da pessoa irradiava calor para o meu corpo.

Levantei a cabeça, mas apenas pude ver a silhueta negra já que a luz solar batia contra as suas costas.

- Desculpe, senhor, - Disse eu um pouco incomodada pela sua presença – está falando comigo?

Ele deu uma risada curta.

- E por acaso está vendo outra pessoa com livro por aqui?

Olhei para os lados, não havia ninguém sentado do meu lado esquerdo e do meu lado direito, há duas cadeiras de mim para ser mais exata, estava sentada uma mulher com um bebê dormindo suavemente entre seus braços.

- É, eu acho que não – Respondi sem graça pela minha idiotice.

O homem sorriu, dava para ver o contraste de sua silhueta escura e seus dentes brancos.

- Posso? – Perguntou ele olhando para o lugar vago a minha esquerda.

- Ah, claro.

Ele se sentou e ficamos em um silêncio incomodo. Agora eu podia vê-lo direito. Ele parecia ter 20 anos, tinha os olhos azuis-claros, a pele bronzeada e os cabelos escuros. Eu tinha que admitir, ele era um cara bonito.

Voltei a ler o livro, não demorou muito até ele quebrar o silencio.

- Bem, você não me respondeu.

- Ah, desculpe, você falou comigo?

- Pelo menos agora não me chamou de senhor, assim eu me sinto mais velho. – Ele sorriu.

- Desculpe por isso, não conseguia ver seu rosto, então não podia saber sua idade. – Dei um meio sorriso sentindo meu rosto arder em chamas.

- Mas ainda assim não respondeu a minha pergunta.

- Ah, é. Qual era ela mesmo?

- Esse livro é ótimo, não é?

Olhei o livro em minhas mãos.

- É sim, ainda estou no começo, mas prendeu a minha atenção. - Bem, isso não era exatamente verdade, o comecinho era chato, mas a partir do capitulo dois as coisas começavam a melhorar.

- Adam. Prazer. – Ele estendeu sua mão para um comprimento.

- Bom, eu não digo meu nome a estranhos, Adam, faremos de conta que meu nome é Lindsay.

- Ok... Lindsay, mas um dia eu saberei seu nome?

Sorri.

- Quem sabe?

Conversamos sobre tudo, ele não me perguntou meu nome outra vez. Adam era um andarilho, vivia viajando para outros lugares, nasceu na Itália, mas seus pais são americanos, por isso o nome. Agora ele veio para os Estados Unidos para finalmente conhecer a terra de seus pais.

- Sabe L, você tem que conhecer Roma. E não é só porque nasci lá. Tudo é maravilhoso. Pode confiar em mim.

Eu sabia que podia. Adam tinha me falado dos cantos mais maravilhosos que tinha ido: Grécia, Egito, Austrália. Um milhão de lugares perfeitos. Mas ele era filho de pais ricos, largou a faculdade para poder viajar pelo mundo. Não é como eu, que tenho que construir meu futuro.

- Passageiros do voo 247, em direção a Londres – Falou uma voz vinda do autofalante – Por favor, ir em direção a sala de embarque 6.

Chequei o relógio, 4 horas. Meu Deus. Como o tempo pode ter passado tão rápido?

Levantei-me em um pulo.

- É o meu voo – Disse extasiada de emoção.

Adam se levantou também.

- Pelo menos eu sei aonde a toda misteriosa Lindsay vai. Londres, belo lugar. Ótimo gosto, L.

- Obrigada – Disse sem jeito.

- Não há de que. Vai ficar quanto tempo lá?

- Isso só Deus sabe. – Sorri. – Então, acho que isso é um adeus.

- Não tão rápido, menina. Vou pelo menos te acompanhar até a sala de embarque. – Dizendo isso ele pegou minhas malas como se não tivesse nada contido nelas.

- Obrigada – Repeti mais uma vez.

Andamos em puro silencio ao lado um do outro. Correntes elétricas passando de seu corpo ao meu. Um aperto surgiu no meu peito ao ver o grande letreiro em cima da porta: ‘Sala 6’. Eu queria ir, mais que tudo, mas queria ficar também, mais que tudo. Como ter as duas coisas? Como ir e ficar ao mesmo tempo? Eu já sabia a resposta: Eu não podia. Tinha que escolher.

Fiz a escolha da minha vida. Londres.

Adam congelou ao meu lado.

- Bom, acho que agora é um adeus não é? – Minha garganta secou.

Ele deu um aceno rápido com a cabeça com a cabeça parecendo não acreditar no fim, mas eu acreditava. Estava vivenciando ele.

Peguei minha mala de sua mão e comecei a caminhar em direção a sala.

De repente um braço forte segurou o meu. Adam fez com que eu virasse para que eu pudesse ficar de frente para ele e fitar seus olhos azuis cor do mar.

Não percebi o que ele queria fazer. Juro que não, foi só quando ele deixou seu rosto rente ao meu, olhando fixamente para a minha boca que eu vi.

Adam segurou meu rosto entre suas mãos, trazendo sua boca cada vez mais perto da minha. Lentamente suas mãos deslizaram pelo meu corpo até chegarem a minha cintura. Ele me apertou contra seu corpo, se não fosse impossível eu diria que naquele momento éramos um só ser.

Sua boca se encaixou a minha, sufocando meus pensamentos, matando a minha razão, dando lesões graves ao meu corpo. Ninguém em toda a minha vida tinha me beijado de tal maneira. Com tamanho desejo, com tanta urgência e ao mesmo tempo com tanta dor.

Algum tempo se passou sem que parássemos de nos beijar, podiam ser minutos ou horas, só paramos quando ambos estávamos sem ar.

- Um nome, só preciso de um nome. – Implorou ele em um sussurro cansado com sua boca a centímetros da minha.

Eu não era capaz de negar nada a ele, não agora. Se ele queria meu verdadeiro nome, ele iria tê-lo.

- Meggan – sussurrei sem ar. – Meu nome é Meggan.

- Meggan. Eu prometo que nós vamos nos encontrar novamente.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Eu só sei.

Ele me soltou e eu pude ir em direção a porta. Mal escutei a comissária de bordo tentando me mostrar o caminho até minha poltrona.

Sentei-me nela com um sorriso nos lábios dormentes e com a promessa de que iria vê-lo novamente.