sábado, 2 de outubro de 2010

Desconhecidos

As pessoas andavam apressadas a minha frente, chequei mais uma vez o relógio, já eram três da tarde. A ansiedade me fez vir uma hora mais cedo do que o necessário ao aeroporto. Fazer o que? Essa sou eu.

Levei meus olhos de volta ao livro que estava em minhas mãos, eu o tinha comprado há poucos minutos. Peguei o primeiro livro que vi na estante da livraria do aeroporto, só para tentar fazer o tempo passar mais rápido. Isso, senhoras e senhores, se chama tédio.

- Bom esse livro, não? – Falou uma voz máscula a minha frente.

A principio não pensei que estivesse falando comigo, mas logo senti a presença de alguém a minha frente. O corpo da pessoa irradiava calor para o meu corpo.

Levantei a cabeça, mas apenas pude ver a silhueta negra já que a luz solar batia contra as suas costas.

- Desculpe, senhor, - Disse eu um pouco incomodada pela sua presença – está falando comigo?

Ele deu uma risada curta.

- E por acaso está vendo outra pessoa com livro por aqui?

Olhei para os lados, não havia ninguém sentado do meu lado esquerdo e do meu lado direito, há duas cadeiras de mim para ser mais exata, estava sentada uma mulher com um bebê dormindo suavemente entre seus braços.

- É, eu acho que não – Respondi sem graça pela minha idiotice.

O homem sorriu, dava para ver o contraste de sua silhueta escura e seus dentes brancos.

- Posso? – Perguntou ele olhando para o lugar vago a minha esquerda.

- Ah, claro.

Ele se sentou e ficamos em um silêncio incomodo. Agora eu podia vê-lo direito. Ele parecia ter 20 anos, tinha os olhos azuis-claros, a pele bronzeada e os cabelos escuros. Eu tinha que admitir, ele era um cara bonito.

Voltei a ler o livro, não demorou muito até ele quebrar o silencio.

- Bem, você não me respondeu.

- Ah, desculpe, você falou comigo?

- Pelo menos agora não me chamou de senhor, assim eu me sinto mais velho. – Ele sorriu.

- Desculpe por isso, não conseguia ver seu rosto, então não podia saber sua idade. – Dei um meio sorriso sentindo meu rosto arder em chamas.

- Mas ainda assim não respondeu a minha pergunta.

- Ah, é. Qual era ela mesmo?

- Esse livro é ótimo, não é?

Olhei o livro em minhas mãos.

- É sim, ainda estou no começo, mas prendeu a minha atenção. - Bem, isso não era exatamente verdade, o comecinho era chato, mas a partir do capitulo dois as coisas começavam a melhorar.

- Adam. Prazer. – Ele estendeu sua mão para um comprimento.

- Bom, eu não digo meu nome a estranhos, Adam, faremos de conta que meu nome é Lindsay.

- Ok... Lindsay, mas um dia eu saberei seu nome?

Sorri.

- Quem sabe?

Conversamos sobre tudo, ele não me perguntou meu nome outra vez. Adam era um andarilho, vivia viajando para outros lugares, nasceu na Itália, mas seus pais são americanos, por isso o nome. Agora ele veio para os Estados Unidos para finalmente conhecer a terra de seus pais.

- Sabe L, você tem que conhecer Roma. E não é só porque nasci lá. Tudo é maravilhoso. Pode confiar em mim.

Eu sabia que podia. Adam tinha me falado dos cantos mais maravilhosos que tinha ido: Grécia, Egito, Austrália. Um milhão de lugares perfeitos. Mas ele era filho de pais ricos, largou a faculdade para poder viajar pelo mundo. Não é como eu, que tenho que construir meu futuro.

- Passageiros do voo 247, em direção a Londres – Falou uma voz vinda do autofalante – Por favor, ir em direção a sala de embarque 6.

Chequei o relógio, 4 horas. Meu Deus. Como o tempo pode ter passado tão rápido?

Levantei-me em um pulo.

- É o meu voo – Disse extasiada de emoção.

Adam se levantou também.

- Pelo menos eu sei aonde a toda misteriosa Lindsay vai. Londres, belo lugar. Ótimo gosto, L.

- Obrigada – Disse sem jeito.

- Não há de que. Vai ficar quanto tempo lá?

- Isso só Deus sabe. – Sorri. – Então, acho que isso é um adeus.

- Não tão rápido, menina. Vou pelo menos te acompanhar até a sala de embarque. – Dizendo isso ele pegou minhas malas como se não tivesse nada contido nelas.

- Obrigada – Repeti mais uma vez.

Andamos em puro silencio ao lado um do outro. Correntes elétricas passando de seu corpo ao meu. Um aperto surgiu no meu peito ao ver o grande letreiro em cima da porta: ‘Sala 6’. Eu queria ir, mais que tudo, mas queria ficar também, mais que tudo. Como ter as duas coisas? Como ir e ficar ao mesmo tempo? Eu já sabia a resposta: Eu não podia. Tinha que escolher.

Fiz a escolha da minha vida. Londres.

Adam congelou ao meu lado.

- Bom, acho que agora é um adeus não é? – Minha garganta secou.

Ele deu um aceno rápido com a cabeça com a cabeça parecendo não acreditar no fim, mas eu acreditava. Estava vivenciando ele.

Peguei minha mala de sua mão e comecei a caminhar em direção a sala.

De repente um braço forte segurou o meu. Adam fez com que eu virasse para que eu pudesse ficar de frente para ele e fitar seus olhos azuis cor do mar.

Não percebi o que ele queria fazer. Juro que não, foi só quando ele deixou seu rosto rente ao meu, olhando fixamente para a minha boca que eu vi.

Adam segurou meu rosto entre suas mãos, trazendo sua boca cada vez mais perto da minha. Lentamente suas mãos deslizaram pelo meu corpo até chegarem a minha cintura. Ele me apertou contra seu corpo, se não fosse impossível eu diria que naquele momento éramos um só ser.

Sua boca se encaixou a minha, sufocando meus pensamentos, matando a minha razão, dando lesões graves ao meu corpo. Ninguém em toda a minha vida tinha me beijado de tal maneira. Com tamanho desejo, com tanta urgência e ao mesmo tempo com tanta dor.

Algum tempo se passou sem que parássemos de nos beijar, podiam ser minutos ou horas, só paramos quando ambos estávamos sem ar.

- Um nome, só preciso de um nome. – Implorou ele em um sussurro cansado com sua boca a centímetros da minha.

Eu não era capaz de negar nada a ele, não agora. Se ele queria meu verdadeiro nome, ele iria tê-lo.

- Meggan – sussurrei sem ar. – Meu nome é Meggan.

- Meggan. Eu prometo que nós vamos nos encontrar novamente.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Eu só sei.

Ele me soltou e eu pude ir em direção a porta. Mal escutei a comissária de bordo tentando me mostrar o caminho até minha poltrona.

Sentei-me nela com um sorriso nos lábios dormentes e com a promessa de que iria vê-lo novamente.

12 comentários:

  1. Simplesmente perfeito *-*
    Amo a forma como você escreve!!!
    Parabéns ;)




    ;*

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  2. Lindoo... Adorei o texto!
    Amr, tá rolando um sorteio lá no blog, participa? www.laialisafa.blogspot.com

    Bjoos!

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  3. Poxa... como queria encontrar desconhecidos assim *-*
    Vc tem um texto mto bom :)

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  4. Ola muito legal o seu blog, estou querendo fazer parceria com o seu blog, sera q rola ? qualquer coisa me manda um recado no orkut ou no meu blog msm :)

    http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=8060649733179647415

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  5. Uma das histórias de amor mais lindas que já vi na vida! Paara tudo deu vontade de chorar de tão romântico. :( OWN ! TI FOFOH)

    SEGUINDO FLOR. RS' SE GOSTAR SEGUE TB.

    guloseimadegarota.blogspot.com

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  6. Nossa, MUITO louco essa história *O*
    Adorei o seu blog aqui, suas histórias são ótimas.ehehehhehe ;D
    espero que continue esta história logo!
    -
    Beijão :)

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  7. Rayssa, isso foi intenso e envolvente. Fica uma dúvida: Até que ponto isso é real e ou autobiográfico, pois foi muito convincente.

    Convido-te para ler algo em http://jefhcardoso.blogspot.com

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

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  8. Que lindoo...esse conto me prendeu até o fim...

    Parabéns, adorei o blog! Virei leitora assídua!

    words-can-say.blogspot.com

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  9. MEEU DEUS! que historia, amei mt mt mt *-*

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  10. Olá quer um Layout ?
    Se quiser é só entrar no meu blog , não repara a bagunça , mais é que eu estou fazendo uns testes .
    Beijos

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